sexta-feira, 18 de março de 2011

E assim em Nínive

“Sim sou um poeta e sobre a minha tumba
Donzelas hão de espalhar pétalas de rosas
E os homens, mirto, antes que a noite
Degole o dia com a espada escura.

“Vê! Não cabe a mim
Nem a ti objetar,
Pois o costume é antigo
E aqui em Nínive já observei
Mais de um cantor passar e ir habitar
O horto sombrio onde ninguém perturba
Seu sono ou canto.
E mais de um cantou suas canções
Com mais alma e mais arte do que eu;
E mais de um agora sobrepassa
Com seu laurel de flores
Minha beleza combalida pelas ondas,
Mas eu sou um poeta e sobre a minha tumba
Todos os homens hão de espalhar pétalas de rosas
Antes que a noite mate a luz
Com sua espada azul.

“Não é Raana que eu soe mais alto
Ou mais doce que os outros. É que eu
Sou um poeta, e bebo vida
Como os homens menores bebem vinho.”


Ezra Poud – Antologia poética
Transcriação de Antonio Cícero

Ezra Weston Loomis Pound, músico, poeta e crítico americano.
Nasceu em Hailey, Idaho EUA em 30 de out de 1885
Morreu em Veneza, Itália em 1º de Nov de1972



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