terça-feira, 5 de julho de 2011

A última vez

                                                 
A vida é cheia de surpresas. Sempre e a cada hora, minuto, milionésimos de segundos até mesmo, nos reserva algo insuspeitável.
Acho mesmo que nunca saberemos se teremos uma próxima vez de alguma coisa ou ato. Tudo pode ser a última vez. Não estou falando de coisas certas como a última fatia de queijo na sua geladeira. Falo do que poderia ser a última fatia de queijo da sua vida. A última vez de um churrasco de domingo, o último copo de vinho, o último pedaço daquele delicioso pudim, a última viagem, quer dizer, neste caso seria a penúltima. Apenas as viagens podem ser excluídas desta lista interminável.
            Acho que na vida tudo é uma eterna despedida. As horas inexoravelmente vão roubando nosso tempo, deixando-nos como que despidos numa encruzilhada. Não estou exagerando não! Tanto é que o que mais se ouve hoje da boca do povo é sua falta de tempo. Não tenho tempo pra isso, não tenho tempo para aquilo. Estão duvidando? Pois saibam que na região da Toscana existe um movimento relativo a estas questões temporais. Sim existe ali um “Banco do Tempo”, para ensinar as pessoas aproveitar melhor o seu tempo usando-o como uma espécie de moeda de troca.
Mas para não perder o foco do assunto inicial, -Não posso perder tempo –
Voltemos à “Última Vez”: Será que estou escrevendo algo pela última vez?
Entendemos que situações grandiosas como uma aventura, uma grande viagem (a viagem novamente) são coisas que normalmente se faz uma única ou poucas vezes na vida, seja por questão de tempo ou financeira, salvo nas novelas onde os personagens viajam por todo o mundo como se fossem ali na padaria da esquina. Mas tudo, de qualquer forma, é feito pela última vez.
            No simples fato de tomar um copo d’água existe a suspeita de que este seja o último de sua vida. Nada daquilo que passou - e quando falo nada é nada mesmo-, vai retornar do mesmo modo. Pode haver retornos, mas não serão os mesmos. A última vez não é o fim de tudo é apenas a vida que vai sendo arquivada num passado que embora recente está distante e inatingível. Então se não podemos voltar no tempo e não temos certeza do próximo segundo, me pergunto: Estamos ou não numa encruzilhada?   Acho a expressão latina “Carpe Dien*” bem apropriada àqueles que não vêem a vida ao seu redor. Aproveite a vida da melhor maneira possível. Aproveite seu tempo. Olhe pra você, mas não só pra você. Olhe mais ao seu redor, olhe para os seus filhos, pro seu amor, seus amigos, seu vizinho, sua rua. Olhe pro mundo onde está vivendo. Pode ser sua última vez.

          Beto Plucênio

Joinville 26, de junho de 2011.


*Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para “colha o dia ou aproveite o momento”. É também utilizada como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.